Em 2001, quando houve a 2° edição do Rock in Rio eu tinha 19 anos. Lembro como se fosse hoje os argumentos que usei para convencer minha mãe a me deixar ir ao evento, o principal deles era sobre o tempo. Como o festival naquela época acontecia de 10 em 10 anos, minha argumentação era incontestável, eu TINHA que ir, porque quando o 3° festival acontecesse, eu teria 29 anos, já seria uma velha, casada, com filhos e não gostaria mais de ir à shows do rock nessa idade (palavras horrorosas, mas minhas, fazer o quê… hehe). No fim a convenci e fui. 10 anos depois, aos 29, lá estava eu novamente no Rio de Janeiro, não me sentindo velha, porém solteira, sem filhos e amando como nunca festivais. Minha mãe não estava mais aqui para jogar na minha cara a argumentação de 10 anos antes, mas onde quer que ela esteja, tenho certeza que ela desejou fazer isso se pudesse.

O fato é que quando eu tinha 19 anos, toda essa argumentação era real. Realmente achava que com 29 anos eu já estaria exatamente como descrevi. E o que vejo no consultório hoje são muitos adultos aos 29, 30, 31… que ao não conquistarem tudo que planejaram no passado, estagnam, como se tivessem fracassado em absolutamente tudo porque não conseguiram se casar, engravidar, juntar seu 1° milhão de reais. Lidar com as expectativas que você mesmo criou lá atrás, é muito cruel.

Porém, é só assim que conseguimos parar de patinar no presente. É preciso voltar ao adolescente arrogante que disse que você seria velho demais aos 30 para ser pai porque o plano dele era ter o primeiro filho aos 26 e dizer que você tem o poder de mudar quantas vezes quiser esse plano porque afinal de contas, estes planos dizem respeito a você, a sua vida. E se você não se sente mais tão jovem quanto aos 22, mas só conseguiu ser pai agora aos 35, talvez não seja o plano original, mas quem disse que não será tão legal quanto?

Claro que ter metas e planos para o futuro são importantes para nos impulsionar, mas com o passar dos anos eles terão que ser revistos algumas vezes, porque com certeza a vida lhe trará situações que você no alto de toda sua sabedoria aos 20 anos nem imaginava que aconteciam.

Portanto, se você não é um dos homens mais ricos do Brasil como você planejou um dia, ao invés de usar uma corda, pare para pensar porque isso aconteceu. Pode ser que você tenha priorizado outras coisas em sua vida, como viajar bastante, ter uma vida confortável, ou talvez você tenha decidido não trabalhar 12 horas por dia em algum momento, e nada disso lhe faz um perdedor. Muitas vezes o que planejamos com exatidão não depende nem somente da gente, como encontrar o príncipe encantado aos 25 por exemplo. Primeiro porque provavelmente ele não exista, mas ainda que ele esteja por aí, esse encontro não depende exclusivamente de você, tem um universo inteiro de coisas que precisam acontecer para que esse encontro se torne realidade. Aceite que o plano falhou, assuma que talvez ele nem faça tanto sentido assim hoje e vá ser feliz! Refaça suas metas, afrouxe os prazos e tenha sempre em mente, expectativas quase sempre geram decepção, para de viver em busca delas.

Até logo! 🙂