10° texto: A vida é 10% do que acontece com você e 90% como você reage ao que acontece
Um dos filmes mais angustiantes que já assisti é “À procura da felicidade”. Não é filme muito novo, foi lançado em 2006, mas até hoje confesso que todas as vezes em que ele está passando na TV tenho o impulso de mudar de canal rapidamente, pois sempre sinto a mesma angústia que assisti-lo pela primeira vez me trouxe. Para quem não o assistiu, de maneira muito resumida, o filme conta a história real do empresário norte-americano Chris Gardner, em seu pior momento financeiro e pessoal, tentando de maneira incessante reverter a situação, dia após dia, tentando não se deixar abalar por mais problemas que tivesse. É um daqueles filmes que nos fazem repensar nossa vida, mas confesso que em muitos momentos durante o filme pensei “mas que horas esse sofrimento vai acabar?” a boa notícia é que acaba… sempre acaba.
Todos nós já tivemos e ainda teremos muitos altos e baixos em nossas vidas. Decepções, perdas, situações em que parece não haver saída. Provavelmente a maioria de nós já foi dormir algum dia tão cansado de tudo que vinha vivendo que secretamente desejou não acordar, e tudo bem. Isso não nos faz menos dignos de viver, às vezes cansa mesmo.
O que sempre tento lembrar quando as coisas não estão andando bem é que desistir não é uma opção. Me permito sofrer, me permito sentir raiva, aceito ter pena de mim mesma por um período, afinal de contas, o sofrer faz parte do processo de elaboração para qualquer tipo de perda, mas tento não deixar que esse sofrimento se prolongue de maneira anestésica por tempo demais. Tento avaliar de maneira mais racional o que me aconteceu, qual a minha parcela de culpa nesta situação, os estragos que a situação me causou aos poucos vou retomando minha vida. Os primeiros dias são bem complicados, porém a medida em que eles vão passando os sentimentos vão se transformando, a aceitação da situação em geral aumenta, a dor tende a diminuir.
Isso serve para qualquer tipo de situação. O fim de um relacionamento, a perda de um emprego, a falência de um negócio, a morte de alguém muito importante. Por maior que seja a dor, não desistir de si mesmo, não desistir de lutar. Tem horas que cansa, tem horas que parece que só você está sofrendo, tem horas que parece que não dá mais aguentar, mas dá. Se você estiver disposto, dá. Não precisamos fazer isso sozinhos. Podemos pedir ajuda aos outros, pedir ajuda profissional se a caminhada estiver difícil demais, mas vai passar se você se desapegar do que aconteceu, aceitar de fato esse desafio que está sendo imposto e persistir.
Podemos escolher não aceitar a morte de alguém muito querido e acinzentar nossas vidas, ou aceitar que isso inevitavelmente acontecerá a todos nós e aproveitarmos que ainda estamos vivos e tentarmos viver da melhor maneira possível, nos respeitando acima de tudo.
Podemos escolher não aceitar o fim de um relacionamento e nos tornarmos pessoas amarguradas ou podemos respeitar a vontade do outro, analisarmos de fato tudo que aconteceu para esse relacionamento acabar, aceitar a parte que nos cabe neste rompimento, nos tratarmos com muito carinho até que essa ferida se feche e continuar acreditando que uma hora alguém bem legal virá e te mostrará porque é que não deu certo antes com tantos outros.
Podemos escolher não perdoar o chefe que nos demitiu depois de tanto empenho e nos tornarmos rancorosos e descrentes ou aceitarmos que nem sempre a vida é tão justa, mas que uma demissão, apesar de assustadora pode trazer a coragem que era preciso para arriscar num negócio próprio que sempre sonhou, pode trazer a oportunidade de um emprego melhor, novos caminhos.
Foi isso que Chris Gardner fez, a cada “não” que a vida lhe impunha. Quando as coisas estiverem muito difíceis, respire fundo, tente relaxar, se precisar descanse. Mas não desista de você. Vai passar. Espero que escolha com sabedoria e amor o melhor para você, sempre. E caso não tenha assistido ao filme, vale a pena, é uma verdadeira lição de vida.
Também espero que tudo o que propus nestas últimas 10 semanas tenha lhe trazido benefícios, um novo enxergar, um afago. Meus objetivos foram estes, espero de coração que eu tenha conseguido, mesmo que ainda seja tímido, pouco, pequeno. Acredito que todo mundo merece viver melhor, fazer escolhas mais equilibradas, viver de maneira mais leve. Sei que o caminho é longo, sei que o processo machuca, mas também sei que a sensação de liberdade é impagável. E para mim, liberdade é isso, se conhecer de verdade para aí sim poder fazer as melhores escolhas. Nem sempre acertaremos, mas se as intenções eram boas, os erros valem a pena.
Com carinho,
Maria Fernanda
Fernanda belíssimo texto, que bom que parei um pouco e resolvi ler, adoro ler mais confesso que o tempo ta cada vez mais curto, adorei seu texto escreveu pra mim foi? Pois todos os dias tenho que me encher de coragem pra continuar, e parece que estou sempre recomeçando, fiquei curiosa quanto ao filme vou ver com certeza. Obrigada por jogar um pouco de luz no nosso mundo.
Que bom que gostou Doracy! Assista sim, acho que você vai gostar! ❤
Em 2021 farei 63 anos de idade.
Creio que esse tempo representa 10% do meu viver produtivo e que eu tenho 90% para eu atingir a plenitude da minha vida ainda está por vir.
Uau! Belo texto, me deixou mais curioso sobre o blog. Achei tudo muito doce e leve. É disso que precisamos no mundo hoje em dia; pessoas que fazem a diferença. Vou ler um texto por dia.