1° Texto – Aceitar-se: condição básica para uma vida mais equilibrada
Como publiquei semana passada, este é o primeiro texto de um total de 10, que serão publicados todas às sextas-feiras, com a proposta de permitir reflexões sobre como estamos nos tratando, levando nossas vidas, se relacionando. E o assunto de hoje é autoestima.
Todos vocês já devem ter ouvido falar sobre autoestima. Autoestima pode ser definido como a visão que temos de nós mesmos atrelada a como nos sentimos sobre isso. É comum ouvirmos “fulano tem uma autoestima muito baixa”, ou seja, fulano não parece estar muito satisfeito com quem ele é neste momento. Nossa autoestima começa a se formar na infância, porém, como ainda não temos capacidade de avaliarmos quem somos, o que fazemos de bom ou ruim, vamos prestando a atenção nas opiniões que as pessoas têm sobre nós e formando nossos próprios valores. Tanto as opiniões alheias verbalizadas quanto as sutis, como expressões faciais, reações de alegria, elogios, incentivos e aprovação ou broncas e desaprovação aos comportamentos são importantes para a formação do autoconceito. E assim, a opinião do outro passa a ser a visão que temos de nós mesmos. E como resultado, diante do que entendemos então que é certo ou errado, nos recriminaremos ou não frente a uma vitória ou derrota.
Como a criança depende da aprovação e amor de seus pais e pessoas mais próximas, muitas vezes ela desenvolve comportamentos que trarão afeição, evitando em alguns momentos fazer o que ela gostaria de fato para fazer o que seria esperado, o que realizado repetidas vezes pode se reverter em baixa autoestima, já que ela passa a depender da aprovação externa por não sentir confiança em si mesma e em suas ações diante das escolhas que a vida lhe impõe. E como se trata de um ciclo vicioso, pode vir a ser tornar um adolescente inseguro e insatisfeito consigo mesmo e posteriormente um adulto que se sente inferior aos outros, que vive em constante guerra interna, uma guerra entre o que acredita que deveria ser e o que pensa que é.
As dificuldades vividas pela pessoa que tem baixa autoestima não são poucas. Ela pode se sentir inferior aos demais como disse acima e por conta disso sentir medo de tentar fazer coisas novas ou diferentes e fracassar, o que a fará se sentir pior ainda. Ela pode se sentir constantemente culpada pelas coisas que não deram certo em sua vida, assumindo muitas vezes uma parcela muito maior do que a que lhe seria justa. Ela pode se sentir inadequada, pode desenvolver sensibilidade exagerada a críticas, pode não acreditar em elogios quando estes lhe são feitos entre tantos outros aspectos. E por conta disso tudo, em geral acabam se envolvendo com pessoas que não lhe tratam como deveriam, se colocando em muitas situações em que não gostariam de estar mas não conseguem dizer não às pessoas, sendo abusadas financeiramente, fisicamente e psicologicamente, se mantendo em relações, empregos e situações que muitas vezes não toleram mais mas não conseguem se desvencilhar. É muito pesado viver assim.
A boa notícia é que existe luz no fim desse túnel e essa luz se chama autoaceitação. Quando crianças não tínhamos a capacidade de avaliar de fato o que era nosso e o que era do outro, porque como veremos nas próximas semanas, é como diz a frase “quando Pedro me fala sobre Paulo sei mais de Pedro que de Paulo”. Não tínhamos condição de avaliar se o julgamento que era feito sobre nossas ações era de fato justo, mas agora temos. E esse é o primeiro passo. Aprender a separar o que é seu, e o que era da sua mãe, do seu pai, dos seus avós, da sua professora do jardim da infância. Aprenda a ouvir seus sentimentos e sobretudo, respeitá-los. Entenda quem de fato é, o que sente, o que gosta. Você gosta mesmo do seu trabalho? Realmente ama sua namorada? Se acha feia de verdade? Questione-se. Após se conhecer melhor, procure fazer mais coisas boas por você. Agradar-se mesmo, tratar-se com respeito, impor limites, agir. Porque para as coisas mudarem de fato você precisa por tudo em prática. Exercitar o amor-próprio através do contato saudável com o meio, ou seja, estabelecer relações saudáveis e também não permitir que o ambiente, as pessoas que te cercam, te definam. Conhecer-se bem a ponto de saber quando o outro está julgando de maneira errada e não deixar esse julgamento te afetar e principalmente, treinar sem parar, até que a sua companhia seja a mais agradável possível para você mesmo. Porque como eu li em algum lugar “mudar é tornar-se quem é”.
Até a próxima Sexta! <3